terça-feira, 30 de maio de 2017

Mãe leva filho de volta para casa após vê-lo em reportagem na Cracolândia

Mãe beija o filho que ela encontrou na Cracolândia, em São Paulo (Foto: TV Globo/Reprodução)


* * * Extraído do Portal G1 * * *

Paulo Henrique Oliveira soube que a mãe o procurava ao vê-la no SP1. Ele voltou para Boa Esperança do Sul, no interior, e agora tem acompanhamento médico e emprego.


Por G1 SP, São Paulo
A mãe de um homem usuário de drogas e morador da Cracolândia, na capital paulista, conseguiu reencontrar o filho e levá-lo de volta para casa, no interior do estado.

Na semana passada, o SP1 mostrou que Valentina Oliveira saiu de Boa Esperança do Sul, no interior de São Paulo, em busca do filho na capital do estado. Ela soube que Paulo Henrique Oliveira estava na Cracolândia depois de vê-lo numa reportagem de jornal.

Paulo estava na Cracolândia durante a operação policial que derrubou a feira das drogas no último dia 21 e prendeu 53 pessoas. Quando a mãe dele chegou a São Paulo, o filho estava num centro de reabilitação.

Ao vê-la no SP1, ele tomou coragem e pediu para ligar para ela. Depois disso, Valentina levou o filho para casa, e agora ele tem acompanhamento médico e um emprego.

“Ele estava calmo [quando os dois se encontraram], só que magro, muito magro. A aparência dele está bem diferente", disse a mãe.

Desde que voltou para Boa Esperança, Paulo Henrique, que tem 35 anos, passou a trabalhar como mecânico numa oficina de caminhões. “O horário pra sair [do trabalho] não tem, mas é uma alegria imensa estar no lugar que eu gosto, estar onde eu quero estar, sair de onde eu estava, que é o fundo do poço mesmo”, disse Paulo.

“Meu plano agora é reconstruir a minha vida, cuidar do meu filho, da minha mãe. E comprar um caminhão, né”, disse Paulo, que foi adotado por uma organização não-governamental e vai ter acompanhamento médico.


Tags: Cracolândia, Drogas, Fé, G1, Humanidade, São Paulo, Vida

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Sisu do meio do ano é aberto para consulta de 51 mil vagas; inscrições começam segunda-feira


Prazo vai ate 1º de junho; sistema reúne vagas para o ensino superior e seleciona candidatos a partir do desempenho no Enem.


* * * Extraído do Portal G1 * * *

O Ministério da Educação liberou, na manhã desta sexta-feira (26), a consulta às vagas oferecidas no segundo semestre de 2017 pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Nesta edição, o Sisu reúne 51.913 vagas de graduação em 1.462 cursos de 63 instituições públicas de ensino superior. As inscrições começam na próxima segunda-feira (29) e vão até o dia 1º de junho.

Para ter acesso às vagas, é necessário entrar no site do Sisu (http://sisu.mec.gov.br), e clicar no botão 'pesquisar vagas'. É possível fazer buscas por curso, instituição ou município. Podem participar os estudantes que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano passado e não tenham zerado na redação.

Os estudantes podem escolher até duas opções de cursos. O sistema seleciona os aprovados segundo a nota do Enem, considerando os pesos específicos de cada vaga.
No primeiro semestre de 2017, foram oferecidas 328.397 vagas de graduação em 131 universidades federais, institutos federais de educação, ciência e tecnologia e instituições estaduais.

Calendário do Sisu 2017.2

·                   Inscrições: 29 de maio a 1º de junho
·                   Chamada regular: 5 de junho
·                   Prazo para entrar na lista de espera: 5 de junho a 19 de junho
·                   Matrícula da chamada regular: 9 de junho a 13 de junho
·                   Convocação dos candidatos da lista de espera: a partir de 26 de junho


Tags: Educação, G1, Mec, Notícias, Sisu

terça-feira, 16 de maio de 2017

Risco de infarto aumenta após gripe ou pneumonia, diz estudo

Gripe, pneumonia e outras infecções respiratórias aumenta o risco de infarto, segundo estudo (Foto: CDC/ Amanda Mills)


* * * Extraído do Portal G1 * * *

Infecções respiratórias podem desencadear ataque cardíaco. Risco se mantém elevado durante um mês após infecção.


O risco de ter um infarto aumenta sensivelmente nos dias após uma gripe, bronquite ou pneumonia, revela um estudo australiano publicado nesta segunda-feira pelo americano "Internal Medicine Journal".

"Nossos resultados confirmam o que sugeriam estudos precedentes: que uma infeção respiratória pode desencadear um ataque cardíaco", explica o professor Geoffrey Tofler, principal autor do estudo e cardiologista da Universidade de Sydney e do Royal North Shore Hospital.

"Os dados mostram que este risco não aumenta necessariamente logo após o surgimento dos sintomas da infecção, mas sim nos primeiros sete dias, e se mantém elevado durante um mês, apesar de uma redução paulatina".

A pesquisa analisou 578 pacientes que sofreram um infarto como consequência do bloqueio de uma artéria coronária.

Os autores determinaram que 17% apresentaram sintomas de infecção respiratória durante os sete dias prévios à crise cardíaca e 21%, durante os 31 dias prévios.

"A frequência dos ataques cardíacos é mais alta no inverno", destacou o doutor Thomas Buckley, professor da Escola de Enfermagem da Universidade de Sydney, outro autor do estudo.

Segundo os pesquisadores, as infecções respiratórias tendem a aumentar a formação de coágulos no sangue, assim como a inflamação e as toxinas que danificam os vasos sanguíneos, o que explicaria o forte aumento do risco cardiovascular.


Tags: Coração, G1, Infarto, Prevenção, Saúde

domingo, 14 de maio de 2017

Mulher que deu à luz 25 filhos fala sobre orgulho de ser mãe: 'batalhei muito'


* * * Extraído do Portal G1 * * *

Maria Rita Francisca de Sousa tinha 13 anos quando deu à luz pela primeira vez e foram gêmeos. Ela batalhou muito e fazia trabalhos pesados na roça para sustentar todos os filhos.


Que o sentimento de ser mãe é um dos maiores exemplos de amor, ninguém duvida. Isso é o que prova Maria Rita Francisca de Sousa, de 57 anos que também é exemplo de força e perserverança. Moradora de uma comunidade quilombola em Araguatins, a mulher deu à luz 25 filhos, todos em partos naturais. Ela conta que foram inúmeros os desafios enfrentados durante a criação e sempre teve orgulho de ser mãe. Atualmente ela tem 11 filhos vivos e mais de 40 netos e bisnetos.

A mulher enfrentou a fome e muitas outras dificuldades durante a criação dos filhos. O trabalho pesado desde muito nova a fez ter problemas de saúde. Ela precisou trabalhar com plantação de arroz e muitos outros serviços da lavoura. "Eram muitos e eu tive que me virar para criar todos eles. Roçava, produzia sabão e carvão, quebrava coco, fazia azeite, tudo isso para o sustento deles. Eu batalhei muito, mas valeu a pena", conta.

A mulher lembra que os desafios começaram antes mesmo de ter filhos. Na infância ela fazia trabalhos pesados para ajudar a mãe a criar os irmãos mais novos. "Ia para a roça com ela todos os dias".

Rita diz que o primeiro parto foi aos 13 anos, quando teve gêmeos. Com o primeiro companheiro ela ainda teve mais 14 crianças. Após a separação mais nove filhos nasceram. "Era um filho atrás do outro. Eu contava na hora do almoço e de dormir". O último parto foi aos 40 anos.

A estudante Luzineide de Sousa, de 17 anos, é a filha mais nova de Rita. Para ela, a mãe é um exemplo de dedicação. "Tenho muito orgulho e muita gratidão por ela ser essa guerreira. Mesmo tendo tido muito trabalho na nossa criação, ela conseguiu."

Uma das filhas, Beatriz Francisco de Sousa, de 27 anos, diz que reconhece os sacrifícios feitos pela mãe. "Falar dela é falar de luta. Tudo que ela fez foi para não deixar faltar nada para nenhum de nós. Hoje nós damos todo o carinho que ela precisa e tentamos retribuir esse amor de alguma forma. É uma alegria muito grande ter ela conosco", disse.


Hoje, apesar da tristeza de não ter todos os filhos vivos, ela diz que os que estão presentes retribuem o amor dado por ela anos atrás. Ela mora com o companheiro, uma filha e um neto, que cria desde o seu nascimento. "Os que estão perto de mim, cuidam muito bem. Me levam no hospital, me dão remédios. Eu sou muito grata".






 Tags: Dias das Mães,G1,  Filhos, Mãe, Quilombola, Tocantins

sábado, 13 de maio de 2017

Após ataque de ransomware, Microsoft atualiza o Windows XP



* * * Extraído do Portal G1 * * *

Sábado, 13/05/2017, às 16:09, 
A Microsoft decidiu liberar uma atualização de segurança para o Windows XP para que usuários do sistema lançado em 2001 possam se proteger da brecha de segurança usada pelo vírus de resgate WannaCry. O WannaCry atacou computadores em mais de 70 países e conseguiu um êxito "sem precedentes" entre os vírus de resgate graças ao uso de uma brecha de segurança grave no Windows.

A falha de segurança existe no SMBv1, a primeira versão de um protocolo de comunicação criado para compartilhar arquivos e impressoras em redes de empresas. O protocolo foi desenvolvido em 1983 e adotado pela Microsoft após adaptações em 1990. Por esse motivo, a brecha usada pelo vírus é capaz de atacar mesmo algumas versões antigas do Windows, como o XP.

A Microsoft deixou de publicar atualizações do Windows XP em abril de 2014. Desde então, apenas organizações com contratos especiais de suporte junto à Microsoft recebem atualizações para corrigir falhas no sistema operacional. Os demais usuários ficam vulneráveis a uma série de ataques possibilitados pelas vulnerabilidades.

"Ver empresas e indivíduos afetados por ciberataques, como o que foi relatado hoje, foi doloroso", escreveu Phillip Misner, gerente do grupo de segurança da Microsoft, em um blog da companhia. "Nós decidimos tomar a excepcional medida de fornecer uma atualização de segurança para que todos os clientes protejam as plataformas Windows que só recebem suporte personalizado, inclusive o Windows XP, o Windows 8 e o Windows Server 2003", afirmou a empresa.

"Tomamos essa decisão com base em uma avaliação da situação, mantendo em mente o princípio de proteger o ecossistema geral dos nossos clientes", justificou o executivo.

Por "proteção do ecossistema", Misner se refere ao fato de que computadores com versões antigas do Windows, quando contaminados por virus, também atacam ou prejudicam sistemas com versões mais novas.

A atualização para todas as versões do Windows pode ser baixada pelo catálogo do Microsoft Update (aqui). 

O Windows XP agora é seguro?
Apesar do lançamento desta atualização extraordinária para o Windows XP, o sistema ainda possui uma série de outras vulnerabilidades não corrigidas. É necessário migrar para uma versão mais recente do Wnidows ou de outro sistema operacional para não ficar sujeito a ataques que explorem brechas no sistema como o WannaCry.

Windows 10 possui falha, mas não foi atacado


O Windows 10 também possui a brecha utilizada pelo vírus WannaCry. Segundo a Microsoft, porém, o código usado pelo vírus não é capaz de atacar o Windows 10, apenas computadores com Windows 7 e Server 2008.

O vírus so funciona no Windows 10 se for executado de outra maneira, como pelo download de um anexo ou link recebido por e-mail.

Mesmo assim, a Microsoft recomenda que usuários de versões mais novas do Windows desativem o SMBv1. O Windows 10 é capaz de usar as versões mais novas do protocolo (SMBv2 e SMBv3), ambas mais seguras do que a versão original.

Para desativar o protocolo no Windows 10, acesse a tela "Ativar ou desativar recursos do Windows" (esta tela pode ser acessada pelo menu inicial ou pelo Painel de Controle, em Programas e Recursos). Na janela que aparece, desative o "Suporte para compartilhamento de arquivos SMB 1.0". 

Alguns recursos podem deixar de funcionar quando o SMB 1.0 for desativado, especialmente o compartilhamento de arquivos com dispositivos não Windows (como servidores de arquivo em roteadores). Caso a ausência do recurso cause problemas, ele pode ser reativado.

Diferente do Windows XP, que só recebeu uma atualização nesta sexta-feira (12), o Windows 10 e o Windows 7 receberam a atualização no dia 14 de março.
 

Dúvidas sobre segurança, hackers e vírus? Envie para g1seguranca@globomail.com


Tags: G1, Internet, Invasão, Hacker, Microsoft, Programa, Segurança, Windows

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Nelson Xavier morre aos 75 anos em Uberlândia


* * * Extraído do Portal G1 * * *

Ator morreu após complicações de uma doença pulmonar. Ele ficou conhecido por novelas como 'Irmãos coragem', além de peças e filmes como 'Chico Xavier'.



O ator Nelson Xavier morreu, aos 75 anos, na madrugada desta quarta-feira, 10, em Uberlândia, Minas Gerais. Tereza Villela Xavier, filha do ator, usou sua página no Facebook para falar da perda do pai.
"Lamento informar a quem possa interessar que meu pai, Nelson Xavier, faleceu esta noite em Uberlândia. Seu corpo será transferido, celebrado e cremado no Rio de Janeiro em cemitério ainda não determinado. Agradeço desde já as mensagens de apoio. Ele virou um planeta! Estrela ele já era. Fez tudo que quis, do jeito que quis e da sua melhor maneira possível, sempre", escreveu ela.

Em 2014, durante o Festival de Gramado, Nelson Xavier contou que fez tratamento contra o câncer de próstata em 2004 e que estava livre da doença. Foi lá também que recebeu o prêmio de melhor ator com "A despedida", um de seus últimos trabalhos.
Nelson Xavier já vinha sendo tratado em uma clínica de geriatria na cidade, prestadora de serviço do Hospital Santa Genoveva. Segundo informações do hospital ao G1, ele deu entrada nesta terça-feira, 9, às 10h57 e, em seguida, transferido para um quarto particular.

 A morte, por volta das 0h45, ocorreu após o agravamento de uma doença pulmonar.
"O ator faleceu próximo a amigos e familiares. Estava com o semblante sereno", disse o o médico geriatra Tiago Ferolla. O corpo foi encaminhado para uma funerária do município e deve ser levado no início da tarde para o Rio de Janeiro.

Perfil

Nelson Agostini Xavier nasceu em São Paulo, em 30 de agosto de 1941. Chegou a cursar Direito, mas a paixão pelo cinema mudo o estimulou a mudar de profissão. Nos anos 1950, entrou para a Escola de Artes Dramáticas da Universidade de São Paulo e também para o Teatro de Arena – um dos mais importantes grupos de artes cênicas daquela época.
Atuou, então, em suas primeiras peças, entre elas "Eles não usam black-tie" (1958), de Gianfrancesco Guarnieri, "Chapetuba Futebol Clube" (1959), de Oduvaldo Vianna Filho, "Gente como a gente" (1959), de Roberto Freire, e "Julgamento em Novo Sol" (1962), de Augusto Boal.
Nelson era tímido e chegou a acreditar que não tinha vocação para as artes dramáticas, queria trabalhar atrás das câmeras. “Eu tive muita dificuldade em começar a fazer televisão. As máquinas eram enormes, eu tinha pavor, até tremia”, contou ao site Memória Globo. Nessa época, também foi jornalista. Com o diretor Eduardo Coutinho, trabalhou como revisor na revista "Visão", onde passou a colaborar também como crítico de cinema e teatro.

Cinema e TV

Após o golpe militar de 1964, que intensificou a censura ao teatro político, o ator passou a estar mais presente no cinema. Até o fim dos anos 70, fez mais de 20 filmes, entre eles "O ABC do amor" (1967), de Eduardo Coutinho, Rodolfo Kuhn e Helvio Soto, "É Simonal" (1970) e "A culpa" (1972), de Domingos de Oliveira; "Dona Flor e seus dois maridos" (1976), de Bruno Barreto, e "A queda" (1978), de Ruy Guerra, que lhe rendeu um Urso de Prata no Festival de Berlim.
Sua primeira participação na TV foi como o personagem Zorba, na novela "Sangue e areia" (1967), de Janete Clair. Seis anos depois, conseguiu seu primeiro grande papel, em "João da Silva" (1973). Mas foi em 1982 que viveu um de seus principais protagonistas, na primeira minissérie da Globo, "Lampião e Maria Bonita", dirigida por Paulo Afonso Grisolli e baseada nos últimos seis meses de vida de Virgulino Ferreira da Silva.
Na Bahia, gravou a minissérie "O pagador de promessas" (1988), dirigida por Tizuka Yamasaki, com autoria de Dias Gomes. Na trama, interpretou o gigolô Bonitão, que tentava seduzir a mocinha Rosa (Denise Milfont). Nelson também fez novelas, entre elas "Pedra sobre pedra" (1992), "Irmãos coragem" (1995), "Senhora do destino" (2004) e "Babilônia" (2015).
Em 2010, Nelson interpretou Chico Xavier nos cinemas. Na época, o ator afirmou que havia vivido ali seu melhor papel. "Finalmente fiz o meu maior papel. Fui invadido por uma onda de amor tão forte, tão intensa, que levava às lágrimas

”,contou Nelson Xavier, que no longa viveu o líder espírita dos 59 aos 65 anos. “Nenhum dos personagens que fiz mudou minha vida. O Chico fez uma revolução”.


Tags: Ator, Cinema, Dramaturgia, Luto, Novelas, Teatro, Televisão

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Análise: A desaparição foi a derradeira obra de Belchior



* * * Extraído do Portal UOL * * *

Jotabê Medeiros
Colaboração para o UOL
30/04/2017 14h29
Belchior anunciou em seus versos o desejo de desaparecer
Antonio Carlos Belchior comandou uma rebelião silenciosa na música popular brasileira. Uma rebelião contra os totens da geração anterior (Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil), contra as limitações impostas pela ditadura policial, contra a diminuição do papel libertário da juventude na afirmação do futuro, contra os horizontes curtos da poesia musical de deglutição fácil.
Ex-monge capuchinho, ex-estudante de medicina, ele trouxe uma ética rígida de comprometimento e romantismo para a nossa literatura musicada, e ninguém jamais irá tão longe quanto ele, nunca. Primeiro, porque Belchior foi tão distante em seu questionamento que optou pela própria desaparição como sua derradeira obra.
De recursos musicais parcos, Belchior apareceu para a música em 1967, em Fortaleza, no Ceará, arregimentado na faculdade de medicina pelos amigos talentosos (Jorge Mello, Fausto Nilo, Augusto Pontes, Fagner, Amelinha) para as fileiras da música. Tocava um violãozinho limitado, conhecia Luiz Gonzaga e Cego Aderaldo, assim como Ray Charles e Beatles. Tinha, contudo, um componente delirante: a filosofia católica, que tinha estudado como frade no Mosteiro de Guaramiranga entre 1963 e 1966.
Seus embates entre a culpa católica e o visionarismo libertário fizeram dele o maior poeta de sua geração. Como Rimbaud e William Blake, que ele amava, atravessou territórios entre a alma e o corpo para forjar sua obra, que é inigualável.

Belchior viveu em festas faustosas e morou em canteiro de obras. Fascinou Elis Regina e também Raul Seixas. Enfrentou a exceção democrática com os versos mais duros e guerrilheiros que a MPB conheceu, mas que eram tão finos que os censores nem entenderam direito. Debateu com Caetano Veloso e foi ao Congresso em busca de melhores condições de pagamentos de direitos autorais.
Seus discos-chave são os três primeiros: "Mote & Glosa", "Alucinação" e "Coração Selvagem". Nesses três discos, exercitou as qualidades que o distinguiriam para sempre. "Mote & Glosa" é a experimentação mais vanguardística aplicada à tradição regional, ao pó do sertão. "Alucinação" é a visão do Dylan caboclo, é a transcriação da folk music em uma estrutura de romantismo suburbano. "Coração Selvagem" é o manifesto libertário, o rompimento com as amarras sociais.
Belchior viveu entre o Rio e São Paulo, estabelecendo-se nesta última. Foi o primeiro a fazer uma canção como se deve para a metrópole que abraçou, a paulicéia. Chama "Passeio", está no seu primeiro disco.
Produziu discos nos Estados Unidos ("Todos os Sentidos" e "Era Uma Vez um Homem e o Seu Tempo"), brigou de faca com seu grande antípoda musical, Fagner, amou muitas mulheres e foi cortejado como sex symbol pela indústria musical. “Mas a mulher, a mulher que eu amei, não não pode me seguir, não”. Almejou tornar-se independente da indústria e construiu suas próprias gravadoras (Paraíso Discos) e estúdio (Camerati). Fracassou.
Não houve artista mais fora dos trilhos do que Belchior na música brasileira. Foi o grande outsider da canção, até Raulzito era mais gregário do que ele. Fez canções concretistas em 1967, 1968. Falou de psicanálise, futebol, Fernando Pessoa, João Cabral de Melo Neto, Dante Alighieri, Drummond. Em suas canções, nada disso soa blasé, forçado, é tudo orgânico, macio, encaixado. Belchior nunca foi papudo - são famosos os versos de "Velha Roupa Colorida" nos quais ele cita Poe, Beatles e Luiz Gonzaga de uma tacada só.
A grandeza de sua poesia movimentou teses de doutoramento, acendeu a chama em artistas jovens do Brasil todo, que abraçava como parceiros, como Gracco (compositor de "Coração Alado") e até artistas de outros quadrantes, como Arnaldo Antunes e Aguilar, de São Paulo. Mas, em toda sua trajetória, o desejo de desaparecer, o inconformismo com os rumos da vida coletiva e também a individual marcavam seus versos. Cumpriu-se uma profecia. Como ele disse, na canção "Depois das Seis" (do disco "Objeto Direto"):
“Até logo. Eu vou indo.
Que é que eu estou fazendo aqui?
Quero outro jogo
Que este é fogo de engolir”

Tags: Arte, Belchior, Brasil, Luto, Música, UOL