* * * Extraído do Portal UOL * * *
CLARICE REICHSTUL
COLUNISTA DA FOLHA
COLUNISTA DA FOLHA
Até o século 19, as roupas infantis geralmente eram brancas, afinal poderiam ser usadas por todos os filhos da família e resistiam a diversas lavagens. E as roupas eram poucas e caras. Mesmo o corte costumava ser unissex, meninos e meninas de até quatro anos usavam vestidos, cabelos compridos e sapatos do estilo boneca.
Nos Estados Unidos, era costume a associação de rosa para meninos e azul para meninas. Dizia-se que a cor rosa era mais forte e a azul, delicada. Por volta da 2ª Guerra Mundial, a moda de usar as cores para marcar diferença entre meninos e meninas pegou e, curiosamente, se inverteu. O interessante é que adotamos um costume dos norte-americanos que nos custa mais caro. Afinal, se em uma família o primeiro filho é menino, compra-se enxoval azul, e, se nasce uma menina depois, lá se vão os pais gastar com enxoval rosa.
Depois dos quatro anos, a criança começa a escolher a roupa. Mas é justo nesse primeiro período da infância que se estabelece essa separação que levamos para o resto da vida, com os carimbos rosa-menina e azul-menino. Nos anos 60 e 70, houve uma rebelião contra essa divisão e passou a valer uma moda infantil unissex, roupas que serviam para meninos e meninas. Mas, em meados da década de 80, o jogo mudou de novo.
Acho que podemos nos inspirar na revolução dos anos 60 e 70 e exigir mais roupas unissex, de criança mesmo, coloridas, mas sem essa preocupação tão grande com o que é de menino e o que é de menina, não? Roupa boa de brincar, correr, pular. Menos regras desnecessárias nas nossas vidas, por favor!
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