* * * Extraído do Portal UOL * * *
A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar
(EFSA) recomendou oficialmente que o consumo diário de cafeína não ultrapasse
400 miligramas para um adulto, ou seja, o equivalente a pouco mais de quatro
expressos. Para as gestantes, essa recomendação cai para 200 miligramas por dia
e, para crianças e adolescentes, o cálculo é de 3 miligramas por quilo.
Segundo a EFSA, para além desse limite há
riscos à saúde, sobretudo problemas cardiovasculares. A EFSA explica que
"o risco para a saúde não é enorme, mas ele existe. A principal mensagem é
que os consumidores devem levar em consideração as diferentes fontes de
cafeína, além do café".
De fato, o órgão europeu se debruçou sobre os
riscos causados pela cafeína "proveniente de todas as fontes
alimentares" e sobretudo dos energéticos. As conclusões foram obtidas após
a análise de 39 pesquisas realizadas em 22 países europeus, que no final
envolveram mais de 66.500 pessoas.
A frase que ficará dessa meta-análise (feita
sobre a base de dados obtidas de outros estudos) poderá ser: "Não se deve
beber mais de quatro cafés por dia". Do outro lado do Atlântico, as
pessoas preferem ver o copo (de café) meio cheio. O Comitê Consultivo para as
Recomendações Alimentares dos Estados Unidos (Dietary Guidelines Advisory Committee)
também acaba de publicar um documento que menciona, pela primeira vez, o café.
Ele chegou mais ou menos às mesmas conclusões
que os europeus, mas as formulou de forma diferente. Na verdade, observou que
existe uma série de indícios bem fortes para dizer que o consumo de 400
miligramas de cafeína por dia não é nocivo para a saúde e tem até efeitos
positivos.
"O café é uma mistura complexa de
produtos químicos, e seus benefícios para a saúde ainda não estão claros",
relata o jornal britânico "The Guardian". Mas, pela primeira vez,
essa agência de regulação norte-americana diz oficialmente que o café não é
fundamentalmente ruim para você, apesar de sua reputação.
A má
reputação do café
Existem muitos estudos científicos sobre os
efeitos do café. No "New York Times", o pesquisador Aaron E. Carroll
tentou compilá-los, fazendo um levantamento das meta-análises, e ele chega à
conclusão de que o café, bebido com moderação, é inofensivo ou até benéfico às
vezes.
"A maioria de nós não bebe café porque
acha que isso pode nos proteger. Mas não há praticamente nenhuma evidência que
prove isso."
Para ser bem claro, ele enumera os estudos e
suas conclusões.
O consumo de café a longo prazo e os
riscos cardiovasculares
Em 2014, uma equipe se debruçou sobre 36
estudos que envolveram mais de 1,27 milhão de pessoas. Conclusão: "As
pessoas que tinham um consumo moderado de café, de três a cinco xícaras por dia
(segundo o mesmo dr. Carroll, uma xícara representa 8 onças ou 226 gramas),
eram as que menos corriam riscos". Aqueles que bebiam mais de cinco
xícaras por dia não estavam mais expostos a esse tipo de problema do que
aqueles que não bebiam nada.
O consumo de café e os acidentes
vasculares cerebrais
Em 2012, dados obtidos junto a 480 mil
pessoas mostravam que "o consumo de duas a seis xícaras de café por dia
estava associado a um menor risco de AVC, comparado com um consumo zero".
O consumo de café e a insuficiência
cardíaca
Outra meta-análise constatou que "um
consumo moderado estava associado a um risco menor, e o menor risco de todos
estava entre aqueles que consumiam quatro xícaras por dia em média". O
mínimo para que "más associações" fossem observadas era de dez
xícaras por dia.
O consumo de café e o mal de Parkinson
e o mal de Alzheimer
No que diz respeito a distúrbios neurológicos,
as meta-análises mais recentes notaram que um consumo moderado de café reduzia
os riscos de Parkinson e "tinha um efeito protetor" contra o
Alzheimer.
"Ninguém está sugerindo que você deva
beber café pela saúde", conclui o pesquisador. "Mas beber café
moderadamente está associado a riscos menores para quase todas as doenças
cardiovasculares, ao contrário do que se ouve sobre os perigos do café e da
cafeína. Não consigo pensar em outro produto que tenha tantas indicações
epidemiológicas positivas."
Tradução: UOL
Tags: Café, Notícias, Saúde, UOL