quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Você sabe o que significam os votos brancos e nulos?



Você sabe o que significam os votos brancos e nulos? Muitos têm dúvida sobre o assunto. E como estamos a apenas dois meses das eleições, a equipe de reportagem da Band foi às ruas atrás de respostas. Envie perguntas a serem feitas nos debates do UOL/Folha para presidente e governador de São Paulo. Visite o UOL Notícias

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Os "trouxas" voam no Mundo Mágico de Harry Potter, em Orlando

NEIL GENZLINGER
New York Times Syndicate / Em Orlando, Flórida (EUA)
  • A fila para a atração 'Harry Potter e a Jornada Proibida' passa pelos portões de Hogwarts, no Universal Orlando Resort, na Flórida

    A fila para a atração 'Harry Potter e a Jornada Proibida' passa pelos portões de Hogwarts, no Universal Orlando Resort, na Flórida

Fiz minha lição de casa antes de ser enviado para checar a nova atração Mundo Mágico de Harry Potter no Universal Orlando Resort. Sabia que beberia um pouco de cerveja amanteigada. Sabia que pinturas falariam comigo e ficaria impressionado com o passeio de alta tecnologia. Mas não sabia que quase seria pisoteado até a morte por uma multidão de depressivos pós-Potter.

Na manhã de sábado do fim de semana do Memorial Day (feriado em homenagem aos mortos em combate), eu estava esperando com minha família dentro da entrada do Mundo Mágico, apreciando a maravilhosamente detalhada Hogsmeade, uma aldeia de lojas peculiares que tem um papel proeminente nos livros da série Harry Potter de J.K. Rowling. Nós éramos os beneficiários de uma visita à imprensa e tínhamos o lugar mais ou menos apenas para nós. Lá estávamos nós ao lado de um carro de bebida em forma de barril, conversando com nossos dois guias.

Foi um momento pacato e adorável – até surgir um grito e um grande número de pessoas virem correndo à toda pela entrada, basicamente passando por cima de nós. Apesar da abertura oficial do Mundo Mágico ser apenas na sexta-feira, dia 18 de junho, o acesso foi concedido por algumas poucas horas, naquele fim de semana em particular, para pessoas que tinham comprado um certo pacote de viagem. Elas eram muitas e tinham mentalidade de boiada.

Elas não pareciam se importar com o violoncelo que estava tocando sozinho na janela da loja de música de Hogsmeade ou com o fato da locomotiva do Expresso Hogwarts estar estacionada bem ali, aguardando para ser fotografada. Elas também não pareciam se importar com o fato de nossos guias serem Mark Woodbury, presidente da Universal Creative, e Alan Gilmore, diretor de arte do parque, o que os torna pessoas muito importantes.

Não, aqueles rufiões estavam apenas interessados em chegar ao outro lado do Mundo Mágico, ao Castelo de Hogwarts, dentro do qual há uma atração chamada Harry Potter e a Jornada Proibida.

Para fãs sérios de Potter, essa atração se transformou em algo parecido ao bruxo maligno Lorde Voldemort: algo cujos rumores dizem ter poderes incríveis. E, ao menos nesses dias pré-abertura, o passeio era tão elusivo quanto o próprio Voldemort: ele ainda está passando por ajustes, de forma que não havia garantia de que estaria funcionando. Daí a correria: aquelas pessoas rudes queriam ser as primeiras na fila, para aumentar suas chances de experimentar o passeio caso os técnicos dessem o sinal verde.

Enquanto me levantava do chão e checava se minha câmera tinha sido danificada, eu percebi que para aquelas pessoas, aparentemente foram três anos muito, muito longos.

Esse foi o tempo que se passou desde que Rowling encerrou a saga de Potter e seus amigos ao publicar o sétimo e último livro da série multizilionária. Desde então, nos sites de fãs, blogs e afins, os seguidores mais ardorosos de Potter têm trocado anotações online sobre o que chamam de depressão pós-Potter: seu crescente desespero diante da conscientização de que não haverá mais histórias sobre Harry ou Hogwarts, sobre bruxaria e a escola de bruxos. Quando você mergulha em um mundo de ficção tão profundamente quanto esses fãs, é apavorante saber que independente de quantas vezes você monte nela, a vassoura de casa não vai voar.

Eu conheço o tipo. Eu sou um mero admirador de Harry e Rowling, não um Pottermaníaco. Mas todo mundo na minha casa mergulhou de cabeça logo no primeiro livro. Nosso quarto de hóspedes tem pôsteres de Harry Potter em todas as paredes disponíveis. Todos de bom gosto. Pôsteres de 2,40 metros; daqueles que você vê na entrada das salas de cinema. Dois metros e meio de um Daniel Radcliffe gigante (o ator que interpreta Harry nos filmes) e Emma Watson (Hermione) olhando para a cama. Nenhum hóspede aceitou nossa oferta de ficar no quarto desde meados de 2002.

Aquele corre-corre matinal poderá se transformar em um ritual diário mesmo após a abertura do Mundo Mágico, porque os fãs ardorosos, que são centenas de milhares, estão desesperados por uma nova experiência Harry Potter e esperam que a atração Jornada Proibida a forneça. O que é um pouco incongruente, já que o Mundo Mágico não é realmente uma atração para você participar, mas sim para ser absorvida.

"Harry desejou ter oito olhos. Virava a cabeça para todo o lado enquanto
caminhavam pela rua, tentando ver tudo ao mesmo tempo: as lojas, as coisas as portas, as pessoas fazendo compras."
"Harry Potter e a Pedra Filosofal".

  • Chip Litherland/The New York Times

    Turistas enchem as ruas de Hogsmeade, no Universal Orlando Resort, na Flórida


O Mundo Mágico faz parte das Islands of Adventure (Ilhas da Aventura), um dos dois parques temáticos do Universal resort (diferente de alguns relatos na Internet, ele não exigirá um ingresso separado; os mesmos US$ 79 que permitem a entrada no Jurassic Park River Adventure e no Caro-Seuss-el também dará acesso ao Mundo Mágico). Mas a nova área é decididamente diferente daquelas ao seu redor.

Ele é a antítese da maioria das atrações de parques temáticos, onde a ideia é correr de uma atração para a próxima o mais rápido possível. Há de fato apenas três passeios nos oito hectares do Mundo Mágico, e dois deles – tomando emprestado uma imagem de outra fantasia – são as meio-irmãs feias da Jornada Proibida. Funcionários fantasiados estavam mais ou menos implorando para as pessoas embarcarem em seus passeios no fim de semana que eu estava lá.

Mas é igualmente verdadeiro que só há uma única verdadeira atração no Mundo Mágico, porque os passeios não são realmente o que interessa; é o trabalho de arte. Esta atração foi criada tendo os obsessivos em mente, o tipo de pessoa que mais ou menos decorou os livros de Rowling, e isso transparece em todo tipo de detalhes. O desgaste da pedra para fazê-la parecer indefinivelmente antiga. A forma como a neve se encontra nos telhados, como se estivesse prestes a derreter.

Até mesmo coisas um tanto escatológicas não foram desprezadas. Não apenas há corujas que parecem vivas nas vigas, como também há caca de coruja que parece real na madeira abaixo delas. Murta que Geme, uma fantasma dos livros, pode ser ouvida no banheiro feminino. Pelo menos foi o que me disseram. Ela certamente pode ser ouvida no banheiro masculino. E sim, é assustador.

São tantos os detalhes que rapidamente fica aparente o que está ausente no Mundo Mágico: um posto de primeiros socorros munido de um ortopedista especializado em danos causados por crianças impacientes de cinco anos, puxando os braços dos pais. Com a exceção da loja de doces Dedosdemel e de um quadro interpretado por um ator na Olivaras (uma criança sortuda é escolhida por uma vara, assim como Harry em "A Pedra Filosofal"), este não é o tipo de lugar para uma criança com déficit de atenção.

"Espere um minuto, Joey; mamãe está admirando a forma como as pedras neste castelo lembram os castelos de verdade na Europa."

"Buááá!"

"Fique quieto e vá encontrar o Caro-Seuss-el. Eu vou buscar você daqui cinco horas."

"De uma vez por todas, Harry, você me dá sua palavra de que fará tudo que puder para não me deixar parar de beber?"
"Harry Potter e o Enigma do Príncipe"

O Mundo Mágico carrega o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Assim como os filmes de Potter deram aos leitores a interpretação oficial de como de fato pareciam as cenas que estavam imaginando, o Mundo Mágico é a interpretação oficial, abençoada por Rowling, de como seria a sensação de estar em uma daquelas cenas. Assim, não há vendedores ambulantes nas ruas que não estariam nas ruas de Hogsmeade; algodão-doce e mãos gigantes de espuma não estão à vista. Mas não se engane: este lugar foi construído para o comércio.

Os cínicos que mergulharam nos livros de Potter podem se perguntar por que os bruxos tão espertos de Hogwarts não possuem eletricidade, mas há uma conveniência moderna que eles possuem, pelo menos aqui: Hogsmeade possui um estande de caixa eletrônico pronto para servir aqueles que ficarem sem dinheiro. O que muitos ficarão, porque a loja de varinhas, a loja de doces e outros estabelecimentos têm muitos produtos para vender. Na Dedosdemel naquele sábado do Memorial Day, a prateleira de sapos de chocolate –US$ 9,95 cada– ficou vazia em uma hora (os sapos de menta eram US$ 3 mais baratos, mas menos populares).

Os fãs, é claro, não partirão sem experimentar duas bebidas antes de ficção, agora reais, inventadas nos livros e que ganharam vida aqui. Alerta de heresia: a cerveja amanteigada (US$ 8,50 em uma caneca souvenir; US$ 9,50 para a variedade congelada), apesar de melhor do que seria se você despejasse manteiga derretida em uma Budweiser, é indistinguível de um refrigerante de baunilha de qualidade. O suco de abóbora (em uma garrafa bonitinha, com uma abóbora no topo) é bem mais interessante, talvez porque o conteúdo de abóbora de fato pareça mínimo – parece mais uma sidra de maçã misturada com um pouquinho de abóbora. Para os adultos, há uma ótima cerveja de verdade no bar Cabeça de Javali.

Os visitantes alucinados daquela manhã de sábado pelo menos acertaram em uma coisa: é melhor não ter uma mistura volátil de cerveja amanteigada, suco de abóbora e sapos de chocolate em seu estômago ao embarcar nos quatro minutos frenéticos, desorientadores, que culminam a Jornada Proibida.

"É claro que está acontecendo dentro de sua cabeça, Harry, mas por que isso significaria que não é real?""Harry Potter e as Relíquias da Morte"

  • Chip Litherland/The New York Times

    Alguns dos primeiros passageiros do 'Voo do Hipogrifo', no Mundo Mágico de Harry Potter, no Universal Orlando Resort, na Flórida


Os representantes de parques de diversão arrancariam suas línguas antes de reconhecerem que suas melhores atrações têm filas absurdamente longas, mas as pessoas por trás do Mundo Mágico realizaram um esforço orquestrado para transformar o tempo de espera em uma parte integral da experiência. Pergunte quanto tempo dura a atração e eles dirão que uma hora, porque é quanto tempo eles querem que você espere para chegar ao clímax de quatro minutos.

A fila da Jornada Proibida serpenteia por salas e corredores do Castelo de Hogwarts, e para aqueles bem atentos – que podem não ser todos – há uma história transcorrendo. Os visitantes se transformam em parte dela, auxiliados por retratos que falam e personagens dos filmes – projeções, hologramas ou algo assim.

O momento principal: Harry e seus amigos Hermione e Ron – saindo de sob o manto de invisibilidade de Harry – pedem que você mate a aula para voar. Os personagens dos filmes que aparecem – Dumbledore, o diretor, é outro – estão tão "presentes" que os fãs mais ardorosos podem relutar em deixar essas cenas preparatórias para trás, mas o passeio chama. Seus assentos chegam em fileiras de quatro por vez, mas cada assento na fileira é independente, permitindo que fileira incline 360 graus e criando a sensação de que você está no passeio sozinho (já que você não consegue ver a pessoa à direita ou esquerda). Crianças menores não podem ir, há uma restrição de altura de 1m20.

A combinação de imagens projetadas e objetos reais que vêm na sua direção enquanto você sobrevoa Hogwarts é impressionante. Talvez você tenha até mesmo que fechar os olhos em certos momentos, o que, se você for jornalista, impedirá convenientemente que você conte demais o que acontece, porque você de fato não viu. Basta dizer que ao final do passeio, você terá tido encontros com o Quadribol (o esporte favorito em Hogwarts), dementadores (as terríveis criaturas fantasmagóricas), um dragão e uma árvore particularmente rabugenta. Os estímulos físicos e visuais são tão rápidos que é difícil absorver tudo; uma única ida não será suficiente para os Pottermaníacos.

Então, o Mundo Mágico curará toda aquela depressão pós-Potter? É a resposta às orações, encantos ou qualquer outra coisa deles?

Sim, esta atração certamente será um bálsamo para suas almas em privação. Ela os convencerá que, apesar da produção da caneta de Rowling ter parado, Hogwarts continua viva. O problema é que em algum momento você terá que partir. E assim que sair pelos portões, o ordinário poderá parecer mais tedioso do que nunca. Até mesmo para um fã casual como eu.

Nós ficamos hospedados no Hard Rock Hotel do resort. De volta ao quarto, eu me vi aborrecido pelo fato das fotos antigas de Elton John e dos Kinks nas paredes se recusarem a ganhar vida e cantarem. Bater nelas com a varinha de US$ 30 que compramos na Olivaras não ajudou.

O hotel tinha um bar agradável, um bom lugar para ir ao se ver confrontado com a verdade que de que a vida real geralmente não tem nada de mágica. Barman, uma cerveja por favor. Mas sem manteiga.

Tradutor:
George El Khouri Andolfato

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Morre, aos 42 anos, o ator Gary Coleman, da série 'Arnold'



  Foto: Larry Busacca /Getty Images

Gary Colema, astro da série 'Arnold', morre aos 42 anos
Foto: Larry Busacca /Getty Images






Morreu, na tarde desta sexta-feira, aos 42 anos, o ator americano Gary Coleman, famoso por seu papel na série de TV da NBC The Diff´rent Strokes, conhecida no Brasil como Arnold e Minha Família é uma Bagunça, tradução que variou de acordo com as emissoras que a exibiam.

A causa da morte, segundo a CNN, foi causada por uma uma hemorragia cerebral após Coleman cair em sua casa na última quarta-feira (26). Segundo a família e amigos próximos, que estavam ao seu lado no momento da morte em um hospital de Utah, nos EUA, o ator estava lúcido um dia após a queda, mas seu quadro de saúde se complicou e o ator entrou em coma.

Coleman, que já havia sido internado em janeiro e em fevereiro deste ano por problemas do coração, sofreu forte ostracismo durante a vida adulta. Com diversos problemas congênitos, a baixa estatura do ator deixava claro suas complicações cardiológicas. Submetido a dois transplantes de rim antes de completar 14 anos, Coleman também sofria de nefrite, uma infecção renal que lhe rendeu até quatro sessões de hemodiálise por dia.

No auge da fama, o ator chegou a ganhar US$ 100 mil por episódio na série que o consagrou, exibida de 1978 a 1986. Mas, em 1999, as dificuldades financeiras surgiram, especialmente, após o próprio pai, Willie, tentar atropelá-lo em 1986, o que lhe deu altos gastos com advogados. Estima-se que Coleman, por problemas diversos, tenha perdido uma fortuna de cerca de US$ 18 milhões.

Sua mãe, Sue, chegou a declarar que o talento de Coleman foi uma forma divina de o ator ser recompensado pelo sofrimento que sofria em relação à sua saúde debilitada.

Em 1998, acusado de atropelar um pedestre com seu caminhão após uma discusssão e, no ano seguinte, alegar auto-defesa ao agredir uma mulher que lhe pedia um autógrafo. Em 2008, com 40 anos, Coleman viu sua vida mudar ao se casar com Shannon Price, de 22 anos, que ele admitiu ser a primeira mulher de sua vida.

Confira a filmografia do ator:
1980 Scout´s Honor
1981 On The Right Track
1982 Jimmy The Kid
1983 The Kid with the 200 I.Q.
1985 Playing with Fire
1996 Fox Hunt
1997 Off the Menu: The Last Days of Chasen's
1998 Dirty Work
1998 Like Father, Like Santa
2000 The Flunky
2004 Chasing the Edge
2005 A Christmas too Many
2006 Church Ball
2008 An American Carol
2009 Midgets vs. Mascots


sexta-feira, 21 de maio de 2010

Alunos de ensino médio de SP estudam menos tempo e têm mais matérias que os de Nova York


* * * Extraído do Portal UOL***



Rafael Targino


Em São Paulo




Um levantamento feito por um pesquisador da Secretaria de Educação de Nova York mostrou que os alunos de ensino médio do estado de São Paulo estudam menos horas por semana e mais matérias ao mesmo tempo do que os alunos do mesmo nível da cidade americana. De acordo com a pesquisa, divulgada nesta quarta-feira (19), os professores paulistas também lecionam por mais horas, têm mais estudantes por sala e maior probabilidade de dar aula em mais de uma escola. Ou seja, acabam responsáveis por muito mais alunos do que os docentes nova-iorquinos.


O estudo, feito pelo pesquisador Jesse Margolis, compara o estado de São Paulo com a cidade de Nova York por causa da dinâmica do ensino nos dois locais. O município americano é responsável pela gestão escolar, enquanto que o estado fica com a parte de regulação. No Brasil, os dois quesitos ficam a cargo tanto do estado quanto da cidade.


O número médio de alunos por sala de aula no estado de SP (34,7) é aproximadamente 33% maior do que o total da cidade americana (26,1). Outro dado apontado por Margolis é que mais alunos de ensino médio têm aulas à noite em São Paulo do que na comparação com os de Nova York. Pela pesquisa, 43,6% das pessoas que cursam esse nível em escolas públicas do estado o fazem à noite; nos EUA, o total é de 5,5%.


Além disso, o número de professores que se ausenta da sala de aula –e exige uma substituição temporária– é duas vezes e meia maior em São Paulo do que em Nova York. A pesquisa também mostra que os professores de tempo integral no estado brasileiro passam pelo menos mais 11 horas em sala que seus colegas americanos.


"É muito difícil conseguir o dado exato, mas não me surpreenderia que um professor de ensino médio tivesse duas vezes mais alunos [em São Paulo]. [Mas] Isso seria um dado aproximado", afirmou Margolis. O pesquisador disse que o que acontece em Nova York não é "necessariamente" melhor do que em SP.


Para ele, um dos problemas é que o professor não consegue acompanhar adequadamente o aluno. "Uma maneira possível, que não necessariamente posso recomendar, seria que o aluno não estudasse tantas matérias ao mesmo tempo. Não é que tem que diminuir o numero de matérias que estuda um aluno de ensino médio. Mas, em Nova York, o que fazemos é que um aluno estuda biologia em um ano, química no segundo, física no terceiro, e tem um só professor de ciências, ao invés de três."


quarta-feira, 5 de maio de 2010

Plano de Banda Larga prevê R$ 3,2 bilhões para a Telebrás

* * * Extraído do Portal UOL * * *


CAMILA CAMPANERUT||Do UOL Notícias


Em Brasília



Atualizada às 15h21*


A Casa Civil informou nesta quarta-feira (5) que o Plano Nacional de Banda Larga prevê a capitalização da Telebrás pelo Tesouro Nacional em R$ 3,22 bilhões. "Esse valor será utilizado nos três primeiros anos de funcionamento e, depois, a ideia é que a empresa consiga se autogerir", informou ao UOL Notícias Rogério Sant'anna, secretário de logística e tecnologia da informação do Ministério do Planejamento. "O que a Telebrás vai oferecer é uma rede de transporte a baixo preço para qualquer operadora interessada pelo serviço", resumiu.


O plano será consolidado por meio de um decreto e visa triplicar o acesso à internet rápida até 2014, atendendo mais 27 milhões de domicílios no país (a meta da proposta é chegar a um valor total de 40 milhões dentro do período). Para viabilizá-lo, haverá uma série de desonerações e oferta de crédito para pequenas e médias empresas. O comitê gestor do projeto lançado oficialmente nesta quarta, com o anúncio dos detalhes, será formado por 11 ministérios, incluindo o da Educação, da Casa Civil e da Tecnologia.


O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), por exemplo, disponibilizará R$ 6,5 bilhões para o financiamento da compra de equipamentos de telecomunicações, além de R$ 1 bilhão para micro, pequenas, médias empresas e LAN houses pelo chamado cartão BNDES. Haverá também a desoneração de R$ 11,36 milhões pelo Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) para pequenas e médias prestadoras, R$ 770 milhões em PIS/COFINS no que se refere à política de modens e R$ 3,75 milhões na redução de IPI para equipamentos de telecomunicações com tecnologia nacional.


Cezar Alvarez, coordenador do programa de inclusão digital da Presidência da República, afirmou que a meta do governo é implantar o núcleo principal da rede de fibra óptica (backbone) no Distrito Federal e em mais 15 cidades ainda neste ano. Em setembro e outubro, ainda segundo ele, devem ter início as licitações para empresas privadas que prestarão serviços utilizando a rede da Telebrás.

Mudanças na Telebrás

A ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, afirmou que a Telebrás já passa por um processo de mudanças. Segundo ela, haverá a criação de uma nova diretoria devido ao novo foco da estatal, que era mais centrada no serviço de telefonia e agora voltará à gestão da prestação de serviço de banda larga. Erenice afirmou ainda que a Telebrás terá uma estrutura mais enxuta e vai priorizar a atuação no atacado. "Vamos viabilizar mais competição [no setor]."


O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que o objetivo do plano é diminuir o déficit brasileiro no que se refere ao acesso à internet. Ele denominou a inclusão digital não apenas uma questão de cidadania, mas também uma forma de incentivar a competitividade de economia brasileira neste setor. "[A meta] não é reativar a Telebrás, é colocar a banda larga, garantir o acesso das pessoas", defendeu. Bernardo avaliou que as atuais empresas que prestam este serviço trabalham com altos preços e a entrada da Telebrás trará ao consumidor final um preço menor.


Banda larga no Brasil




Como funcionará


O governo pretende oferecer o serviço de banda larga às classes C e D por, no máximo, R$ 35 por mês.


A empresa estatal Telebrás será a gestora do Programa Nacional de Banda Larga e, ao mesmo tempo, concorrente de outras operadoras privadas como Telefônica, GVT, NET e Oi. O principal diferencial é que a estatal levará conexão banda larga para usuários finais apenas em localidades onde não exista oferta adequada desses serviços, por desinteresse ou falta de recursos das operadoras privadas.


Ela irá utilizar a malha de fibras óticas de 16 mil quilômetros de extensão, já implantada nas torres da Eletrobras (da qual é administradora) e pertecentes à falida Eletronet.


Ainda, a Telebrás deverá apoiar políticas públicas de conexão à internet em banda larga para universidades, centros de pesquisa, escolas, hospitais, postos de atendimento, telecentros comunitários e outros pontos de interesse público.


Estudo do Ipea


No final de abril, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgou um estudo em que pedia a revisão do regime jurídico ao qual o serviço de banda larga está submetido e o uso efetivo do FUST (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações), além de investimentos direcionados às regiões onde a desigualdade é mais grave.


Segundo o instituto, falta também a regulamentação de custos, preços, qualidade, acesso à infraestrutura e desagregação de redes, que com mudanças poderiam trazer mais competidores ao mercado de banda larga no Brasil e baixar preços, elevando a qualidade do serviço ofertado. "O Brasil precisa permitir a competição entre empresas [do setor de Telecomunicações], como ocorre em outros países do mundo", salientou João Maria de Oliveira, técnico do Ipea.


Defasagem brasileira


Uma série de estudos recentes da PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios) de 2008, do IBGE, CGI (Comitê Gestor da Internet) e do Sistema de Coleta de Informações (Sici) da Anatel demonstram o alto grau de concentração da internet banda larga nas regiões mais ricas.


O alto custo da banda larga é um dos fatores para o atraso brasileiro. O gasto médio com internet rápida representa 4,58% da renda mensal per capita no Brasil enquanto na Rússia esse índice é menos da metade: 1,68%. Já em relação aos países desenvolvidos, essa mesma relação fica em torno de 0,5%, ou seja, o brasileiro gasta proporcionalmente quase dez vezes mais para ter acesso à internet rápida.


Dos 58 milhões de domicílios existentes no Brasil, 79% não tinham acesso à internet (46 milhões). O acesso à banda larga é extremamente desigual em termos regionais no país: em alguns Estados mais isolados, como Roraima e Amapá, o acesso nos domicílios é praticamente inexistente. Enquanto São Paulo tem 3,8 milhões de domicílios com banda larga (29,4%), Roraima tem apenas 347 (0,3%) e o Amapá, 1.044 (0,6%). Nos estados do Nordeste, os acessos em banda larga não chegam a 15% dos domicílios. Já nos estados do Sul e Sudeste, a penetração varia entre 20% e 30% dos domicílios.


Dos 8,6 milhões de domicílios rurais, apenas 266 mil têm acesso à internet em banda larga (3,1% do total). A faixa dos pequenos municípios concentra mais de 92% da população sem acesso, equivalentes a 39,2 milhões de pessoas.


Além disso, nos domicílios que contam com banda larga, a velocidade de acesso domiciliar é ainda muito baixa: predominantemente menor ou igual a 1 Mbps, o que representa 54% de todo o país.