* * * Extraído do Portal G1 * * *
Jornalistas de G1, O Globo, Extra, Estadão, Folha e UOL vão coletar nas
secretarias de Saúde, e divulgar em conjunto, números sobre mortes e
contaminados, em razão das limitações impostas pelo Ministério da Saúde.
Por G1, O Globo, Extra, Estadão, Folha e UOL
Em resposta à
decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a
pandemia de Covid-19, os veículos G1, O Globo, Extra, O Estado de S.Paulo, Folha de
S.Paulo e UOL decidiram formar uma parceria e trabalhar de forma colaborativa
para buscar as informações necessárias nos 26 estados e no Distrito Federal.
Em uma iniciativa inédita, equipes de todos os
veículos vão dividir tarefas e compartilhar as informações obtidas para que os
brasileiros possam saber como está a evolução e o total de óbitos provocados
pela Covid-19, além dos números consolidados de casos testados e com resultado
positivo para o novo coronavírus. O balanço diário será fechado às 20h.
O governo federal, por meio do Ministério da Saúde,
deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes recentes de
autoridades e do próprio presidente colocam em dúvida a disponibilidade dos
dados e sua precisão.
Mudanças feitas pelo Ministério da Saúde na
publicação de seu balanço da pandemia reduziram a quantidade e a qualidade dos
dados. Primeiro, o horário de divulgação, que era às 17h na gestão do ministro
Luiz Henrique Mandetta (até 17 de abril), passou para as 19h e depois para as
22h. Isso dificulta ou inviabiliza a publicação dos dados em telejornais e
veículos impressos. “Acabou
matéria no Jornal Nacional”, disse o presidente Jair Bolsonaro,
em tom de deboche, ao comentar a mudança.
A segunda alteração foi de caráter qualitativo. O
portal no qual o ministério divulga o número de mortos e contaminados foi
retirado do ar na noite da última quinta-feira (4). Quando retornou, depois de
mais de 19 horas, passou a apresentar apenas informações sobre os casos
“novos”, ou seja, registrados no próprio dia. Desapareceram
os números consolidados e o histórico da doença desde seu começo.
Também foram eliminados do site os links para downloads de dados em formato de
tabela, essenciais para análises de pesquisadores e jornalistas, e que
alimentavam outras iniciativas de divulgação.
Entre os itens que
deixaram de ser publicados estão: curva de casos novos por data de notificação
e por semana epidemiológica; casos acumulados por data de notificação e por
semana epidemiológica; mortes por data de notificação e por semana
epidemiológica; e óbitos acumulados por data de notificação e por semana
epidemiológica.
Neste domingo (7), o governo anunciou que voltaria a
informar seus balanços sobre a doença. Mas mostrou números conflitantes,
divulgados no intervalo de poucas horas.
Em razão dessas omissões, a parceria entre os
veículos de comunicação vai coletar os números diretamente nas secretarias
estaduais de Saúde. Cada órgão de imprensa divulgará o resultado desse
acompanhamento em seus respectivos canais. O grupo vai chamar a atenção do
público se não houver transparência e regularidade na divulgação dos dados
pelos estados.
"A missão do jornalismo é informar. Em que pese
a disputa natural entre veículos, o momento de pandemia exige um esforço para
que os brasileiros tenham o número mais correto de infectados e óbitos”, afirma
Ali Kamel, diretor-geral de Jornalismo da Globo (TV Globo, GloboNews e G1). “Face à postura do Ministério da Saúde, a
união dos veículos de imprensa tem esse objetivo: dar aos brasileiros um número
fiel."
"Numa sociedade organizada como a brasileira, é
praticamente impossível omitir ou desfigurar dados tão fundamentais quanto o
impacto de uma pandemia. Com essa iniciativa conjunta de levantamento de dados
com os estados, deixamos claro que a imprensa não permitirá que nossos leitores
fiquem sem saber a extensão da Covid-19 “, afirma Sérgio Dávila, diretor de
Redação da Folha.
“Neste momento crucial, deixamos nossa concorrência
de lado por um bem comum: levar à sociedade o dado mais preciso possível sobre
a pandemia. Essas informações orientam as pessoas e as políticas públicas. Sem
elas, o país mergulha em um voo cego. O jornalismo cumprirá seu papel”, afirma
Alan Gripp, diretor de Redação de O Globo.
“É nossa responsabilidade cotidiana transmitir
informações confiáveis para a sociedade. E, agora, no momento mais agudo da
pandemia, precisamos assegurar à população o acesso a dados corretos o mais
rápido possível, custe o que custar”, diz Murilo Garavello, diretor de Conteúdo
do UOL.
“É triste ter que produzir esse levantamento para
substituir uma omissão das autoridades federais. Transparência e honestidade
deveriam ser valores inabaláveis na gestão dessa pandemia. Vamos continuar
cumprindo nossa missão, que é informar a sociedade”, afirma João Caminoto, diretor
de Jornalismo do Grupo Estado.
"O jornalismo tem a missão de levar à população
os números mais precisos sobre a pandemia. É fundamental conhecer a real
extensão dos fatos. Esses dados são decisivos para que as pessoas saibam como
agir nesse momento tão difícil", destaca Humberto Tziolas, diretor de
Redação do Extra.
Tags: Brasil, Covid-19, Governo, G1, Mundo, Notícias, Pandemia, Saúde
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