Mãe
beija o filho que ela encontrou na Cracolândia, em São Paulo (Foto: TV
Globo/Reprodução)
* * * Extraído do Portal G1 * * *
Paulo Henrique Oliveira soube que a
mãe o procurava ao vê-la no SP1. Ele voltou para Boa Esperança do Sul, no
interior, e agora tem acompanhamento médico e emprego.
Por G1 SP, São Paulo
A mãe
de um homem usuário de drogas e morador da Cracolândia, na capital paulista,
conseguiu reencontrar o filho e levá-lo de volta para casa, no interior do
estado.
Na semana passada, o SP1 mostrou que
Valentina Oliveira saiu de Boa Esperança do Sul, no interior de São Paulo, em
busca do filho na capital do estado. Ela soube que Paulo Henrique Oliveira
estava na Cracolândia depois de vê-lo numa reportagem de jornal.
Paulo estava na Cracolândia durante aoperação policial que derrubou
a feira das drogasno
último dia 21 e prendeu 53 pessoas. Quando a mãe dele chegou a São Paulo, o
filho estava num centro de reabilitação.
Ao
vê-la no SP1, ele tomou coragem e pediu para ligar para ela. Depois disso,
Valentina levou o filho para casa, e agora ele tem acompanhamento médico e um
emprego.
“Ele estava calmo [quando os dois se
encontraram], só que magro, muito magro. A aparência dele está bem
diferente", disse a mãe.
Desde que voltou para Boa Esperança, Paulo
Henrique, que tem 35 anos, passou a trabalhar como mecânico numa oficina de
caminhões. “O horário pra sair [do trabalho] não tem, mas é uma alegria imensa
estar no lugar que eu gosto, estar onde eu quero estar, sair de onde eu estava,
que é o fundo do poço mesmo”, disse Paulo.
“Meu plano agora é reconstruir a minha
vida, cuidar do meu filho, da minha mãe. E comprar um caminhão, né”, disse
Paulo, que foi adotado por uma organização não-governamental e vai ter
acompanhamento médico.
Tags: Cracolândia, Drogas, Fé, G1, Humanidade,
São Paulo, Vida
Prazo
vai ate 1º de junho; sistema reúne vagas para o ensino superior e seleciona
candidatos a partir do desempenho no Enem.
Por G1
* * * Extraído do Portal G1 * * *
O Ministério da Educação
liberou, na manhã desta sexta-feira (26), a consulta às vagas oferecidas no
segundo semestre de 2017 pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Nesta
edição, o Sisu reúne 51.913 vagas de graduação em 1.462 cursos de 63
instituições públicas de ensino superior. As inscrições começam na próxima
segunda-feira (29) e vão até o dia 1º de junho.
Para ter acesso às vagas, é
necessário entrar no site do Sisu (http://sisu.mec.gov.br),
e clicar no botão 'pesquisar vagas'. É possível fazer buscas por curso,
instituição ou município. Podem participar os estudantes que fizeram o Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano passado e não tenham zerado na redação.
Os estudantes podem escolher
até duas opções de cursos. O sistema seleciona os aprovados segundo a nota do
Enem, considerando os pesos específicos de cada vaga.
No primeiro semestre de 2017,
foram oferecidas 328.397 vagas de graduação em 131 universidades federais,
institutos federais de educação, ciência e tecnologia e instituições estaduais.
Calendário do Sisu
2017.2
·Inscrições: 29
de maio a 1º de junho
·Chamada regular: 5
de junho
·Prazo para entrar na lista de espera: 5
de junho a 19 de junho
·Matrícula da chamada regular: 9
de junho a 13 de junho
·Convocação dos candidatos da lista de
espera: a partir de 26 de junho
Gripe,
pneumonia e outras infecções respiratórias aumenta o risco de infarto, segundo
estudo (Foto: CDC/ Amanda Mills)
* * * Extraído do Portal G1 * * *
Infecções respiratórias podem desencadear ataque cardíaco. Risco se
mantém elevado durante um mês após infecção.
AFP Por France Presse
Atualizado há 1 hora
O risco
de ter um infarto aumenta sensivelmente nos dias após uma gripe, bronquite ou
pneumonia, revela um estudo australiano publicado nesta segunda-feira pelo
americano "Internal Medicine Journal".
"Nossos resultados confirmam o que
sugeriam estudos precedentes: que uma infeção respiratória pode desencadear um
ataque cardíaco", explica o professor Geoffrey Tofler, principal autor do
estudo e cardiologista da Universidade de Sydney e do Royal North Shore
Hospital.
"Os dados mostram que este risco não
aumenta necessariamente logo após o surgimento dos sintomas da infecção, mas
sim nos primeiros sete dias, e se mantém elevado durante um mês, apesar de uma
redução paulatina".
A pesquisa analisou 578 pacientes que
sofreram um infarto como consequência do bloqueio de uma artéria coronária.
Os autores determinaram que 17%
apresentaram sintomas de infecção respiratória durante os sete dias prévios à
crise cardíaca e 21%, durante os 31 dias prévios.
"A frequência dos ataques cardíacos é
mais alta no inverno", destacou o doutor Thomas Buckley, professor da
Escola de Enfermagem da Universidade de Sydney, outro autor do estudo.
Segundo os pesquisadores, as infecções
respiratórias tendem a aumentar a formação de coágulos no sangue, assim como a
inflamação e as toxinas que danificam os vasos sanguíneos, o que explicaria o
forte aumento do risco cardiovascular.
Maria
Rita Francisca de Sousa tinha 13 anos quando deu à luz pela primeira vez e
foram gêmeos. Ela batalhou muito e fazia trabalhos pesados na roça para
sustentar todos os filhos.
Por
G1 Tocantins
Atualizado há 2 horas
Que o
sentimento de ser mãe é um dos maiores exemplos de amor, ninguém duvida. Isso é
o que prova Maria Rita Francisca de Sousa, de 57 anos que também é exemplo de
força e perserverança. Moradora de uma comunidade quilombola em Araguatins, a
mulher deu à luz 25 filhos, todos em partos naturais. Ela conta que foram
inúmeros os desafios enfrentados durante a criação e sempre teve orgulho de ser
mãe. Atualmente ela tem 11 filhos vivos e mais de 40 netos e bisnetos.
A mulher enfrentou a fome e muitas outras dificuldades
durante a criação dos filhos. O trabalho pesado desde muito nova a fez ter
problemas de saúde. Ela precisou trabalhar com plantação de arroz e muitos
outros serviços da lavoura. "Eram muitos e eu tive que me virar para criar
todos eles. Roçava, produzia sabão e carvão, quebrava coco, fazia azeite, tudo
isso para o sustento deles. Eu batalhei muito, mas valeu a pena", conta.
A mulher lembra que os desafios começaram antes mesmo de
ter filhos. Na infância ela fazia trabalhos pesados para ajudar a mãe a criar
os irmãos mais novos. "Ia para a roça com ela todos os dias".
Rita diz que o primeiro parto foi aos 13 anos, quando
teve gêmeos. Com o primeiro companheiro ela ainda teve mais 14 crianças. Após a
separação mais nove filhos nasceram. "Era um filho atrás do outro. Eu
contava na hora do almoço e de dormir". O último parto foi aos 40 anos.
A estudante Luzineide de Sousa, de 17 anos, é a filha
mais nova de Rita. Para ela, a mãe é um exemplo de dedicação. "Tenho muito
orgulho e muita gratidão por ela ser essa guerreira. Mesmo tendo tido muito
trabalho na nossa criação, ela conseguiu."
Uma das filhas, Beatriz Francisco de Sousa, de 27 anos,
diz que reconhece os sacrifícios feitos pela mãe. "Falar dela é falar de
luta. Tudo que ela fez foi para não deixar faltar nada para nenhum de nós. Hoje
nós damos todo o carinho que ela precisa e tentamos retribuir esse amor de
alguma forma. É uma alegria muito grande ter ela conosco", disse.
Hoje, apesar da tristeza de não ter
todos os filhos vivos, ela diz que os que estão presentes retribuem o amor dado
por ela anos atrás. Ela mora com o companheiro, uma filha e um neto, que cria
desde o seu nascimento. "Os que estão perto de mim, cuidam muito bem. Me levam
no hospital, me dão remédios. Eu sou muito grata".
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Filhos, Mãe, Quilombola, Tocantins
A Microsoft decidiu liberar uma atualização de segurança para
o Windows XP para que usuários do sistema lançado em 2001 possam se proteger da
brecha de segurança usada pelo vírus de resgate WannaCry. O WannaCry atacou
computadores emmais de 70 paísese conseguiu um êxito "sem precedentes" entre os
vírus de resgate graças ao uso de uma brecha de segurança grave no Windows.
A falha de segurança existe no SMBv1, a primeira versão de um
protocolo de comunicação criado para compartilhar arquivos e impressoras em
redes de empresas. O protocolo foi desenvolvido em 1983 e adotado pela
Microsoft após adaptações em 1990. Por esse motivo, a brecha usada pelo vírus é
capaz de atacar mesmo algumas versões antigas do Windows, como o XP.
A Microsoft deixou de publicar atualizações do Windows XP em
abril de 2014. Desde então, apenas organizações com contratos especiais de
suporte junto à Microsoft recebem atualizações para corrigir falhas no sistema
operacional. Os demais usuários ficam vulneráveis a uma série de ataques
possibilitados pelas vulnerabilidades.
"Ver empresas e indivíduos afetados por ciberataques,
como o que foi relatado hoje, foi doloroso", escreveu Phillip Misner,
gerente do grupo de segurança da Microsoft, em um blog da companhia. "Nós
decidimos tomar a excepcional medida de fornecer uma atualização de segurança
para que todos os clientes protejam as plataformas Windows que só recebem
suporte personalizado, inclusive o Windows XP, o Windows 8 e o Windows Server
2003", afirmou a empresa.
"Tomamos essa decisão com base em uma avaliação da
situação, mantendo em mente o princípio de proteger o ecossistema geral dos
nossos clientes", justificou o executivo.
Por "proteção do ecossistema", Misner se refere ao
fato de que computadores com versões antigas do Windows, quando contaminados
por virus, também atacam ou prejudicam sistemas com versões mais novas.
A atualização para todas as versões do Windows pode ser
baixada pelo catálogo do Microsoft Update (aqui).
O Windows XP agora é seguro? Apesar do lançamento desta atualização extraordinária para o
Windows XP, o sistema ainda possui uma série de outras vulnerabilidades não
corrigidas. É necessário migrar para uma versão mais recente do Wnidows ou de
outro sistema operacional para não ficar sujeito a ataques que explorem brechas
no sistema como o WannaCry.
Windows 10 possui falha, mas não foi atacado
O Windows 10 também possui a brecha utilizada pelo vírus
WannaCry. Segundo a Microsoft, porém, o código usado pelo vírus não é capaz de
atacar o Windows 10, apenas computadores com Windows 7 e Server 2008.
O vírus so funciona no Windows 10 se for executado de outra
maneira, como pelo download de um anexo ou link recebido por e-mail.
Mesmo assim, a Microsoft recomenda que usuários de versões
mais novas do Windows desativem o SMBv1. O Windows 10 é capaz de usar as
versões mais novas do protocolo (SMBv2 e SMBv3), ambas mais seguras do que a
versão original.
Para desativar o protocolo no Windows 10, acesse a tela
"Ativar ou desativar recursos do Windows" (esta tela pode ser
acessada pelo menu inicial ou pelo Painel de Controle, em Programas e
Recursos). Na janela que aparece, desative o "Suporte para
compartilhamento de arquivos SMB 1.0".
Alguns recursos podem deixar de funcionar quando o SMB 1.0
for desativado, especialmente o compartilhamento de arquivos com dispositivos
não Windows (como servidores de arquivo em roteadores). Caso a ausência do
recurso cause problemas, ele pode ser reativado.
Diferente do Windows XP, que só recebeu uma atualização nesta
sexta-feira (12), o Windows 10 e o Windows 7 receberam a atualização no dia 14
de março.
Ator morreu após complicações de uma
doença pulmonar. Ele ficou conhecido por novelas como 'Irmãos coragem', além de
peças e filmes como 'Chico Xavier'.
Por G1
Atualizado há 1 hora
O ator
Nelson Xavier morreu, aos 75 anos, na madrugada desta quarta-feira, 10, em
Uberlândia, Minas Gerais. Tereza Villela Xavier, filha do ator, usou sua página
no Facebook para falar da perda do pai.
"Lamento informar a quem possa
interessar que meu pai, Nelson Xavier, faleceu esta noite em Uberlândia. Seu
corpo será transferido, celebrado e cremado no Rio de Janeiro em cemitério
ainda não determinado. Agradeço desde já as mensagens de apoio. Ele virou um
planeta! Estrela ele já era. Fez tudo que quis, do jeito que quis e da sua
melhor maneira possível, sempre", escreveu ela.
Em 2014, durante o Festival de Gramado,
Nelson Xavier contou que fez tratamento contra o câncer de próstata em 2004 e
que estava livre da doença. Foi lá também que recebeu o prêmio de melhor ator
com "A despedida", um de seus últimos trabalhos.
A morte, por volta das 0h45, ocorreu após o
agravamento de uma doença pulmonar.
"O ator faleceu próximo a amigos e
familiares. Estava com o semblante sereno", disse o o médico geriatra
Tiago Ferolla. O corpo foi encaminhado para uma funerária do município e deve
ser levado no início da tarde para o Rio de Janeiro.
Perfil
Nelson Agostini
Xavier nasceu em São Paulo, em 30 de agosto de 1941. Chegou a cursar Direito,
mas a paixão pelo cinema mudo o estimulou a mudar de profissão. Nos anos 1950,
entrou para a Escola de Artes Dramáticas da Universidade de São Paulo e também
para o Teatro de Arena – um dos mais importantes grupos de artes cênicas
daquela época.
Atuou, então,
em suas primeiras peças, entre elas "Eles não usam black-tie" (1958),
de Gianfrancesco Guarnieri, "Chapetuba Futebol Clube" (1959), de
Oduvaldo Vianna Filho, "Gente como a gente" (1959), de Roberto
Freire, e "Julgamento em Novo Sol" (1962), de Augusto Boal.
Nelson era
tímido e chegou a acreditar que não tinha vocação para as artes dramáticas,
queria trabalhar atrás das câmeras. “Eu tive muita dificuldade em começar a
fazer televisão. As máquinas eram enormes, eu tinha pavor, até tremia”, contou
ao site Memória Globo. Nessa época, também foi jornalista. Com o diretor
Eduardo Coutinho, trabalhou como revisor na revista "Visão", onde
passou a colaborar também como crítico de cinema e teatro.
Cinema e
TV
Após o golpe
militar de 1964, que intensificou a censura ao teatro político, o ator passou a
estar mais presente no cinema. Até o fim dos anos 70, fez mais de 20 filmes,
entre eles "O ABC do amor" (1967), de Eduardo Coutinho, Rodolfo Kuhn
e Helvio Soto, "É Simonal" (1970) e "A culpa" (1972), de
Domingos de Oliveira; "Dona Flor e seus dois maridos" (1976), de
Bruno Barreto, e "A queda" (1978), de Ruy Guerra, que lhe rendeu um Urso
de Prata no Festival de Berlim.
Sua primeira
participação na TV foi como o personagem Zorba, na novela "Sangue e
areia" (1967), de Janete Clair. Seis anos depois, conseguiu seu primeiro
grande papel, em "João da Silva" (1973). Mas foi em 1982 que viveu um
de seus principais protagonistas, na primeira minissérie da Globo,
"Lampião e Maria Bonita", dirigida por Paulo Afonso Grisolli e
baseada nos últimos seis meses de vida de Virgulino Ferreira da Silva.
Na Bahia,
gravou a minissérie "O pagador de promessas" (1988), dirigida por
Tizuka Yamasaki, com autoria de Dias Gomes. Na trama, interpretou o gigolô
Bonitão, que tentava seduzir a mocinha Rosa (Denise Milfont). Nelson também fez
novelas, entre elas "Pedra sobre pedra" (1992), "Irmãos
coragem" (1995), "Senhora do destino" (2004) e
"Babilônia" (2015).
”,contou
Nelson Xavier, que no longa viveu o líder espírita dos 59 aos 65 anos. “Nenhum
dos personagens que fiz mudou minha vida. O Chico fez uma revolução”.
Belchior anunciou em seus versos o
desejo de desaparecer
Antonio Carlos Belchior comandou uma rebelião silenciosa na música
popular brasileira. Uma rebelião contra os totens da geração anterior (Caetano
Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil), contra as limitações impostas
pela ditadura policial, contra a diminuição do papel libertário da
juventude na afirmação do futuro, contra os horizontes curtos da poesia musical
de deglutição fácil.
Ex-monge capuchinho, ex-estudante de medicina, ele trouxe uma
ética rígida de comprometimento e romantismo para a nossa literatura musicada,
e ninguém jamais irá tão longe quanto ele, nunca. Primeiro, porque Belchior foi
tão distante em seu questionamento que optou pela própria desaparição como sua
derradeira obra.
De recursos musicais parcos, Belchior apareceu para a música em
1967, em Fortaleza, no Ceará, arregimentado na faculdade de medicina pelos
amigos talentosos (Jorge Mello, Fausto Nilo, Augusto Pontes, Fagner, Amelinha)
para as fileiras da música. Tocava um violãozinho limitado, conhecia Luiz
Gonzaga e Cego Aderaldo, assim como Ray Charles e Beatles. Tinha, contudo, um
componente delirante: a filosofia católica, que tinha estudado como frade no
Mosteiro de Guaramiranga entre 1963 e 1966.
Seus embates entre a culpa
católica e o visionarismo libertário fizeram dele o maior poeta de sua geração.
Como Rimbaud e William Blake, que ele amava, atravessou territórios entre a
alma e o corpo para forjar sua obra, que é inigualável.
Belchior viveu em festas faustosas e morou em canteiro de obras. Fascinou Elis
Regina e também Raul Seixas. Enfrentou a exceção democrática com os versos mais
duros e guerrilheiros que a MPB conheceu, mas que eram tão finos que os
censores nem entenderam direito. Debateu com Caetano Veloso e foi ao Congresso
em busca de melhores condições de pagamentos de direitos autorais.
Seus discos-chave são os três primeiros: "Mote &
Glosa", "Alucinação" e "Coração Selvagem". Nesses três
discos, exercitou as qualidades que o distinguiriam para sempre. "Mote
& Glosa" é a experimentação mais vanguardística aplicada à tradição
regional, ao pó do sertão. "Alucinação" é a visão do Dylan caboclo, é
a transcriação da folk music em uma estrutura de romantismo suburbano.
"Coração Selvagem" é o manifesto libertário, o rompimento com as
amarras sociais.
Belchior viveu entre o Rio e São Paulo, estabelecendo-se nesta
última. Foi o primeiro a fazer uma canção como se deve para a metrópole que
abraçou, a paulicéia. Chama "Passeio", está no seu primeiro disco.
Produziu discos nos Estados Unidos ("Todos os Sentidos"
e "Era Uma Vez um Homem e o Seu Tempo"), brigou de faca com seu
grande antípoda musical, Fagner, amou muitas mulheres e foi cortejado como sex
symbol pela indústria musical. “Mas a mulher, a mulher que eu amei, não não
pode me seguir, não”. Almejou tornar-se independente da indústria e construiu
suas próprias gravadoras (Paraíso Discos) e estúdio (Camerati). Fracassou.
Não houve artista mais fora dos trilhos do que Belchior na música
brasileira. Foi o grande outsider da canção, até Raulzito era mais gregário do
que ele. Fez canções concretistas em 1967, 1968. Falou de psicanálise, futebol,
Fernando Pessoa, João Cabral de Melo Neto, Dante Alighieri, Drummond. Em suas
canções, nada disso soa blasé, forçado, é tudo orgânico, macio, encaixado.
Belchior nunca foi papudo - são famosos os versos de "Velha Roupa
Colorida" nos quais ele cita Poe, Beatles e Luiz Gonzaga de uma tacada só.
A grandeza de sua poesia movimentou teses de doutoramento, acendeu
a chama em artistas jovens do Brasil todo, que abraçava como parceiros, como
Gracco (compositor de "Coração Alado") e até artistas de outros
quadrantes, como Arnaldo Antunes e Aguilar, de São Paulo. Mas, em toda sua
trajetória, o desejo de desaparecer, o inconformismo com os rumos da vida
coletiva e também a individual marcavam seus versos. Cumpriu-se uma profecia.
Como ele disse, na canção "Depois das Seis" (do disco "Objeto
Direto"):
“Até
logo. Eu vou indo. Que é que eu estou fazendo aqui? Quero outro jogo Que este é fogo de engolir”