Em São Paulo
Em Londres, o bilionário grupo Virgin pagou cerca de R$ 50 milhões para colocar, a partir de 2010, seu nome na maratona local, batizada antes por 14 anos com a marca de uma margarina. Na São Silvestre, a mais tradicional prova do atletismo brasileiro, os quatro principais patrocinadores nem têm suas marcas estampadas no site oficial do evento.
Esses dois exemplos, mesmo levando em conta a realidade econômica dos dois países, ajudam a explicar por que a corrida paulista tem hoje poucas estrelas, premiação modesta e resultados decepcionantes. O recorde masculino perdura desde 1995, e o feminino, desde 1993.
A mais badalada corrida do país não embarcou na onda do milionário marketing que tomou conta das provas de rua do atletismo nos últimos anos.
Das cinco principais maratonas do mundo (Berlim, Boston, Chicago, Londres e Nova York), quatro são batizadas com o nome de empresas. Boston, a exceção, coloca, no entanto, a marca de um patrocinador no seu logotipo oficial. Todas elas contam com pelo menos o dobro de patrocinadores da São Silvestre e montaram ousados projetos para se tornarem mais conhecidas.
Em Nova York, por exemplo, até o trabalho para conseguir uma vaga para disputar a corrida é um grande chamariz. Os interessados participam de uma espécie de loteria para serem um dos quase 40 mil corredores -na São Silvestre, a inscrição é por ordem de chegada.
A Maratona de Londres tem um famoso projeto para angariar fundos destinados a instituições de caridade que levantou mais de R$ 1 bilhão desde 1981, quando começou.
Com mais dinheiro, as corridas de rua do mundo podem pagar prêmios polpudos, atraindo a elite do esporte.
Em Boston, quem vencer a corrida e ainda quebrar o recorde mundial da maratona pode faturar mais de R$ 350 mil. Na São Silvestre, o vencedor leva R$ 28 mil. Em cinco anos, a premiação total destinada aos atletas aumentou somente 28% na prova paulistana.
Procurada pela reportagem, a organização da São Silvestre preferiu não comentar os investimentos feitos na prova. Thadeus Kassabian, diretor da Yescom, empresa que administra a corrida, disse que não falaria sobre questões financeiras.
Ele afirma que o número de patrocinadores da edição de 2010 da São Silvestre é o mesmo do ano passado e que o interesse das empresas pelas corridas da rua vem aumentando.
A prova do dia 31 tem em 2009 menos patrocínios do que outras corridas brasileiras, como a Maratona de São Paulo.
Com política nada agressiva de marketing, a São Silvestre, cuja edição de 2009 começa às 16h47 de quinta-feira (a elite das mulheres começa a correr 17 minutos antes), tem o valor das inscrições como uma das duas principais fontes de faturamento. Os amadores pagaram uma taxa que variou, de acordo com quando ela foi paga, de R$ 75 a R$ 90. Assim, na pior das hipóteses, a organização, com os 20 mil inscritos, vai arrecadar R$ 1,5 milhão. Na Maratona de Nova York, a inscrição custa, no mínimo, o equivalente a mais de R$ 250.